“Bolsonaro chega ao 1º turno na frente”, diz Ciro Nogueira

Integrante do núcleo duro bolsonarista está convencido de que o chefe do Planalto conseguirá reverter a vantagem do adversário assim que o eleitor observar os feitos do governo. Para o senador, Bolsonaro está a serviço do país; Lula, do PT.

A 10 dias do início da campanha eleitoral, o ministro da Casa Civil do governo, Ciro Nogueira (PP), faz contas. Pela sua matemática, o principal opositor do presidente Bolsonaro, o candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva, só tem maioria em dois estados e vai receber muito menos votos que Fernando Haddad na última eleição. Já Bolsonaro receberá muito mais votos do que na última campanha, acredita.

Senador eleito pelo Piauí, Ciro Nogueira também já prevê a bancada no Congresso: “Lula, se ganhar, no dia seguinte, está com 40% de ruim e péssimo. Bolsonaro, idem. Qual a diferença dos dois? Base eleitoral. Vamos eleger cerca de de 350 deputados com um viés mais liberal. A esquerda vai eleger entre 130 e 150 deputados. O teto da esquerda é 150. O teto nosso é 370”.

Resumindo a equação: para Ciro Nogueira, esta é uma eleição que já começa no segundo turno, com dois candidatos com alta rejeição, porém muito populares, e que não deixam espaço para nenhum outro concorrente na disputa à Presidência. Na avaliação do ministro, Bolsonaro vai ganhar em todas as grandes cidades e já sai com vantagem no primeiro turno.

“O PT, acho que, hoje, é o sexto ou o sétimo partido no Nordeste. É por aí. O meu é o maior partido do Nordeste em número de prefeitos e vereadores. E isso, numa campanha, tem um efeito muito forte”, acredita Ciro Nogueira.

Em entrevista exclusiva ao Correio, Ciro Nogueira diz que, com o início oficial da campanha, entra em cena o jogo de narrativas que pode desbancar a liderança do PT nas pesquisas. Acredita que os jovens serão muito impactados pela associação dos petistas à corrupção, e as mulheres — campo no qual Bolsonaro precisa crescer — verão um presidente “sensível”.

“Nós temos um presidente que tem uma forma toda peculiar de se comunicar, muito espontânea e autêntica. Para uns é defeito, mas, para outros, é qualidade, né? Então, as pessoas do marketing têm que ter um trabalho a mais para lidar com essa espontaneidade dele.”


Sobre as cenas que a oposição pode explorar, como a do presidente imitando uma pessoa com falta de ar em plena pandemia, Ciro Nogueira acredita que valerá mais o exemplo do Brasil no enfrentamento à pandemia.

O ministro adianta que o 7 de Setembro será uma grande celebração do governo Bolsonaro e que o discurso do presidente, que coloca sob suspeita a segurança das urnas eletrônicas, logo será superado. “Estamos próximos de ter uma solução. Eu não gostaria de estar perdendo tempo com essa discussão. Eu confio nas urnas do nosso país. Não quer dizer que elas não possam ser fraudadas algum dia. Por isso, acho que, a cada dia que passa, tem que se aperfeiçoar os instrumentos de fiscalização.”

Nesta entrevista, Ciro Nogueira fala ainda sobre o cenário local. “Essa questão do Senado, achei que estava consolidada a questão da Flávia (Arruda). Mas, agora, Damares disse que seria candidata. Vai ter que se conviver com essa disputa. O mais importante é que (o governador) Ibaneis (Rocha) se consolidou. Praticamente, não tem adversário.”

O casamento de Bolsonaro com o Centrão resultou na posse de Ciro Nogueira na Casa Civil: aliados, no entanto, começam a falar em desembarque do governo
O casamento de Bolsonaro com o Centrão resultou na posse de Ciro Nogueira na Casa Civil: aliados, no entanto, começam a falar em desembarque do governo(foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Como está a preparação para a campanha pela reeleição que, oficialmente, começa em 16 de agosto?


Acho que será uma campanha diferente, na qual o segundo turno já começou. Não se tem expectativa de mudar os dois atores que estarão num eventual segundo turno. Então, é uma campanha na qual os dois candidatos têm intenção de voto muito alta, mas têm uma rejeição muito grande. A gente tem que trabalhar para aumentar a intenção e diminuir a rejeição. Nós temos um presidente que tem uma forma toda peculiar de se comunicar, muito espontânea e autêntica. Para uns é defeito, mas para outros é qualidade, né? As pessoas do marketing têm que ter um trabalho a mais para lidar com essa espontaneidade dele. No início, pode ter um ruído, mas, no final, ele acaba consolidando no eleitor a impressão de que ele diz a verdade quando fala com as pessoas.

O presidente tem insistido que a urna eletrônica não é segura, mas essa é a regra do jogo. Vai ficar nesse discurso?


Estamos próximos de ter uma solução para essa discussão. Eu não gostaria de estar perdendo tempo com isso. Eu confio nas urnas do nosso país. Não quer dizer que elas não possam ser fraudadas algum dia. Por isso, acho que, a cada dia que passa, tem que se aperfeiçoar os instrumentos de fiscalização para que ela se torne cada vez mais confiável e que o eleitor tenha o seu voto computado da forma correta, com toda transparência e independência possíveis. Acho que a gente perde mais tempo nas discussões e nos discursos do que realmente no que está sendo proposto. A discussão é se o Exército deveria fazer essa proposta ou não, se o presidente deveria interferir ou não, mas ninguém vai ver o que está sendo proposto.

Ministro, isso não é estratégico (querer colocar o Exército)?


Não sei, mas acho que falta é diálogo das instituições. O Exército não foi lá se oferecer; foi chamado a participar dessa discussão. E, já que foi chamado, ninguém pode reclamar depois. Não vejo dificuldade no que o Exército propôs ser adequado ou aceito, e a gente virar essa página. Acho que vai acontecer.

Quando o senhor diz que vai virar essa página, refere-se também ao 7 de Setembro?


Acho que antes disso. No Sete de Setembro não se tratará mais de urna. Vamos tratar de uma grande festa de apoio ao presidente.

No ano passado, também se esperava uma festa de apoio e deu no que deu, com o ex-presidente Michel Temer chamado a acalmar os ânimos. Corremos o mesmo risco este ano?


Tenho convicção de que não teremos mais esse tema no Sete de Setembro. Se Deus quiser, a gente vai virar essa página.

Quais fatores podem melhorar os índices do presidente? Vem mais algum programa de governo?


Estamos muito em cima da eleição para lançar novos projetos. Acho que o governo, agora, vai começar a colher os frutos. Não existe, hoje, um índice negativo no nosso país. Desemprego é melhor índice da nossa história; crescimento é um dos melhores índices do mundo; inflação é um dos melhores do mundo. Vamos ter agora deflação. Temos o combustível, talvez, um dos mais baratos do mundo. A energia, hoje, uma pessoa, ao abrir a sua conta, vê que cai 20%. Então, vamos colher os frutos de todos os sacrifícios que fizemos. Não tenho dúvida. Uso a máxima, aquele presidente americano, Ronald Reagan, dizia: ‘Se você estiver melhorando de vida, vote em mim. Se você estiver piorando de vida, vote na oposição’. E as pessoas estão melhorando de vida no país.

Esse olhar é o mesmo para o Nordeste? O senhor falou, recentemente, que o presidente Lula, enfim, terá um bom desempenho no Nordeste, mas não tão bom quanto os outros anos.


Sem dúvida. Lula, que é uma pessoa historicamente mais forte que o (Fernando) Haddad, vai ter muito menos votos do que o Haddad obteve na eleição passada. E o presidente Bolsonaro vai ter muito mais votos do que obteve na eleição passada. Ele vai ganhar em todas as grandes cidades. E, hoje, a gente vai depender dessa maturação para chegar no interior, nas pequenas cidades, em que o Lula ainda é muito forte. Temos uma base política que, na eleição, faz muito efeito. O PT, acho que, hoje, é o sexto ou o sétimo partido no Nordeste. É por aí. O meu é o maior partido do Nordeste em número de prefeitos e vereadores. E isso, numa campanha, tem um efeito muito forte.

Mas, às vezes, a gente não vê essa estrutura partidária trabalhando para o candidato do partido, né?


Isso acontecia no passado porque você não tinha identificação com o candidato. Meu partido mesmo, quando apoiava o PT, não tinha identificação com as teses do PT. Agora, nós temos. Não conheço nenhum deputado do partido que não esteja apoiando o presidente. Lógico, o deputado pede muito mais voto para si.

Nem Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que foi ministro do PT?


Ele não está pedindo votos para o Lula, não.

Então, nenhum pede?


Não conheço.

Se tiver, ninguém sabe, ministro?


Não vou dizer que todos, 100%, mas 99% do partido estão fechados com o presidente, coisa que não acontecia. Quando você ia para as eleições, era metade de um lado e metade de outro. Agora não. Hoje, há muitos partidos que estão com o presidente. O MDB, mais da metade apoia Bolsonaro. PSD, 80%. PL, 100%. Republicanos, quase 100%. Progressistas também. Então, hoje nós temos uma base muito mais forte. Vamos ter aí, arrisco dizer, 80, 90% dos prefeitos do país apoiando o presidente Bolsonaro. É um apoio importante. O presidente Lula, para você ter uma ideia, os candidatos dele ao governo só estão ganhando em seis estados, e isso é muito pouco para quem está liderando as pesquisas.

Mas são estados grandes, que fazem a diferença, São Paulo, por exemplo…


O partido do presidente Lula só está ganhando em dois, São Paulo e Rio Grande do Norte. Os candidatos que o apoiam estão ganhando em Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Pará. Não tem um candidato do Lula ganhando em outro estado.

E São Paulo, como o senhor avalia?


Em São Paulo, beira o impossível o Haddad ganhar no segundo turno. A disputa é entre Rodrigo (Garcia, governador candidato à reeleição) e o Tarcísio (de Freitas, candidato do Republicanos) para ver quem vai e ganha do Haddad.

Do jeito que o senhor coloca, pode-se falar, então, em eleição fácil?


Não existe fácil. São dois grandes líderes. O grande problema do Lula é que ele não pensava em encontrar um outro grande líder com ele vivo. Que fale diretamente com a população. Quem tivemos de grande líder? Getúlio, JK, Lula e, agora, Bolsonaro. E que se enfrentaram mesmo, só Lula e Bolsonaro agora. Então, é uma disputa difícil. Mas o eleitorado, daqui a pouco, vai poder comparar. Temos hoje uma dificuldade eleitoral para o presidente entre as mulheres e os jovens. Acho que já estamos crescendo no eleitorado feminino. E vimos, numa pesquisa, que o jovem não tem tolerância com a corrupção. Você pode perguntar. O jovem tem tolerância zero com a corrupção, só que ele não viveu a corrupção do PT. O jovem que hoje tem 20 anos, quando teve o mensalão e o petrolão, tinha 13, 14 anos, ele não viveu aquilo ali. Mas, agora, ele vai conhecer na campanha. Isso aí nós colocamos na (pesquisa) qualitativa e, quando ele (o jovem) vê aquilo, a reação é muito forte contra. Se vocês quiserem, produzam uma qualitativa e botem o jovem vendo os escândalos para ver se ele vota no PT.

Fonte: Correio Braziliense

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