Entre mulheres de regiões mais abastadas, 83% têm diploma universitário. Segundo pesquisadora, ‘maternidade na capital apresenta desigualdade muito grande’.
No Distrito Federal, 42% das mulheres, com idades entre 20 e 39 anos com filhos, tem ensino superior completo. No entanto, entre as mulheres que moram nas regiões de renda mais baixa, apenas 9,9% das mães e 22% das mulheres sem filhos, completaram o ensino superior.
“A gente observa que mulheres com renda mais alta, com perfil de escolaridade mais avançado, tendem a ter filhos mais tarde, ou até não ter filhos”, diz a pesquisadora Andrea Felipe Cabello .
Os dados fazem parte de um estudo do Observatório de Políticas Públicas do DF (ObervaDF), referente a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).
De acordo com a pesquisa:
- Nas regiões de alta renda, 83% das mulheres com filhos têm ensino superior completo
- Nas regiões de baixa renda, 9,9% das mulheres com filhos têm ensino superior completo
- Nas regiões de alta renda, entre as mulheres sem filhos, 84,7% têm curso superior completo
- Nas regiões de baixa renda, entre as mulheres sem filhos, 22% têm curso superior completo
O DF também é a unidade da federação com menor índice de mulheres até 20 anos de idade que tiveram filhos. Brasília ainda concentra o maior percentual do país de gestação na faixa entre 30 e 39 anos.
Segundo a professora da UnB e pesquisadora do ObservaDF, Andrea Felipe Cabello, a maternidade em Brasília apresenta uma desigualdade muito grande.
“No final das contas, a maternidade, principalmente aquela não planejada, ainda está mais restrita a uma situação de vulnerabilidade econômica e de falta de estudo”, diz a pesquisadora.
Também de acordo com o estudo, quanto menor a renda, maior a proporção de mulheres com idades de 20 a 39 anos que não estudam e nem trabalham. No entanto, essa proporção é ainda mais elevada entre as mulheres com filhos.
Nas regiões do DF de mais baixa renda, 52% das mulheres nessa faixa etária com filhos não estudam nem trabalham. Entre as mulheres sem filhos, essa proporção cai para 41%.
“O não planejamento, principalmente de gravidezes que ocorrem em idade mais nova, até mesmo na adolescência, tem efeitos que perduram pela vida inteira da mulher, como, por exemplo, a evasão escolar. A participação de mulheres entre aqueles que nem trabalham e nem estudam é maior que a dos homens, o que sugere um efeito de maternidade sobre essa trajetória de estudos e profissional de nossas meninas”, explica Andrea Cabello.
Fonte: G1 DF