Carne ‘cheia de hormônios’: acusações da França contra o Mercosul não representam realidade, dizem especialistas

Recentemente, parlamentares franceses compararam a carne produzida nos países do Mercosul a “lixo”, alegando que os animais são criados com hormônios de crescimento, uso excessivo de antibióticos e alimentados com soja transgênica. Essas declarações foram feitas durante uma sessão da Assembleia Nacional da França que discutia o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

Uso de Hormônios:

No Brasil, o uso de hormônios de crescimento em animais destinados à produção de alimentos é proibido por regulamentações do Ministério da Agricultura e Pecuária. A Instrução Normativa nº 55 de 2011 proíbe a utilização, importação, produção e comercialização desses hormônios para fins de crescimento. Hormônios são permitidos apenas para fins terapêuticos ou reprodutivos, como na sincronização do cio em fêmeas, utilizando doses menores do que as produzidas naturalmente pelos animais.

Uso de Antibióticos:

Antibióticos são empregados no tratamento de doenças em animais, sempre com prescrição veterinária. Há um período de carência estabelecido para garantir que resíduos desses medicamentos não estejam presentes na carne destinada ao consumo. Além disso, alguns aditivos antibióticos são utilizados nas rações para melhorar a digestão, atuando especificamente em microrganismos do trato digestivo, sem impacto direto na saúde humana.

Alimentação com Soja Transgênica:

É verdade que o gado brasileiro é alimentado com soja transgênica. No entanto, não há evidências científicas que indiquem prejuízos à saúde humana decorrentes desse tipo de alimentação. A soja transgênica é amplamente utilizada globalmente, inclusive na França, que importa soja brasileira para alimentar seu próprio gado.

Reações e Contexto:

As declarações dos parlamentares franceses ocorrem em meio a tensões relacionadas ao acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Recentemente, o presidente global do Carrefour, Alexandre Bompard, anunciou que a rede não compraria carne do Mercosul para suas lojas na França, questionando a qualidade do produto. Posteriormente, Bompard pediu desculpas, reconhecendo a alta qualidade da carne brasileira e seu cumprimento das normas europeias.

Especialistas e representantes do setor agropecuário brasileiro afirmam que as acusações francesas não refletem a realidade da produção no Mercosul, especialmente no Brasil, onde há rigorosos controles sanitários e regulamentações que asseguram a qualidade e segurança da carne exportada.