Vacina em Casa visita 137 mil domicílios e aplica 42 mil doses

Até o final de dezembro, o projeto vai passar pela Asa Sul, Vila Telebrasília, Cruzeiro e Octogonal.

O Governo do Distrito Federal (GDF), por meio do projeto Vacina em Casa, conseguiu aplicar, entre agosto e a primeira quinzena de dezembro deste ano, 42.425 doses de imunizantes em pessoas que deixaram de se vacinar contra diversos tipos de doenças. Para atingir esse público, foram visitadas 137.536 residências e entrevistadas 112.637 pessoas em 12 regiões administrativas do DF. Os dados estão no balanço parcial divulgado nesta quinta-feira (15) pela Secretaria de Saúde (SES-DF), que coordena o projeto, executado em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Os profissionais do projeto oferecem a aplicação, que pode ser feita diretamente em casa ou em ponto fixo montado na cidade; quem prefere receber na residência, ganha um adesivo na porta | Fotos: Paulo H.Carvalho/Agência Brasília

O objetivo do projeto é ir até as residências para vacinar pessoas de todas as idades que não estão em dia com o calendário de vacinação. Ao mesmo tempo, os agentes participantes do projeto aproveitam a visita às residências para atualizar os dados das pessoas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Até o próximo sábado (17), uma equipe de 200 colaboradores do programa Saúde da Família vai bater na porta de residências na Asa Sul e na Vila Telebrasília. O trabalho será finalizado no dia 23 de dezembro, quando o projeto passará pelo Cruzeiro e Octogonal.

Desde agosto, o Visita em Casa já esteve em Santa Maria, Gama, Ceilândia, Sol Nascente, Recanto das Emas, Vicente Pires, Taguatinga, Lago Norte, Planaltina, Itapoã, São Sebastião e Jardim Botânico. As áreas foram escolhidas a partir da vulnerabilidade ou da dificuldade de acesso da comunidade a uma unidade básica de saúde (UBS).

Juntos pela vacinação

A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, ressaltou que o projeto conseguiu esses resultados graças à solidariedade dos participantes. “Todos os colaboradores do projeto – sejam os coletadores de dados ou aplicadores de injetáveis – são voluntariados pela Opas”, destacou. “A Secretaria de Saúde realiza a coordenação técnica e o planejamento das ações de acordo com o resultado esperado, que é aumentar a cobertura vacinal (quebrar resistências à imunização) e oportunizar o cadastro da população do DF”.

O coordenador substituto de Atenção Primária à Saúde, Adriano de Oliveira, explica que o trabalho permite, a partir da identificação das pessoas, encontrar esquemas vacinais incompletos. “Temos inovado em muitas estratégias para tentar remover essa hesitação da população em se vacinar”, ressalta. “O Brasil é um país que produz vacinas seguras. Temos grande experiência na aplicação e conhecemos tudo que é necessário para fazer sem risco. Precisamos vencer essa hesitação e voltar a mobilizar o povo brasileiro”.

De porta em porta

Uniformizados, os coletadores passam de porta em porta para conversar com os moradores. É feito um cadastro e a verificação do cartão de vacina. Caso haja algum imunizante em atraso, os profissionais oferecem a aplicação, que pode ser feita diretamente em casa ou em ponto fixo montado na cidade.

Moradora da Vila Telebrasília, Maria Antônia Silva Borges atendeu duas coletadoras na porta da residência. “Eu não iria tomar. Agora, aqui na porta de casa, não tem como não aceitar”

Quem prefere receber na residência, ganha um adesivo na porta. A equipe volante é informada via aplicativo e vai até o local a partir de uma ferramenta de georreferenciamento com as vacinas necessárias.

Isso foi o que aconteceu com a dona de casa Maria Antônia Silva Borges, 58 anos. Moradora da Rua 4 da Vila Telebrasília, ela atendeu duas coletadoras que perceberam que a mulher estava com a quarta dose da vacina contra a covid-19 atrasada e ofereceram o serviço.

“Acho algo criativo. Tem muita gente que não vai até uma UBS para vacinar porque tem que pagar passagem. Eu, por exemplo, estou desempregada. Eu não iria tomar. Agora, aqui na porta de casa, não tem como não aceitar”, afirma.

Empolgada com a iniciativa, ela acabou se vacinando ainda contra a febre amarela, já que vai viajar em breve para o Pantanal, e incentivando outros moradores da rua.

O projeto beneficiou o lojista Douglas Sales, que não havia tomado a terceira dose contra a covid-19 e estava com as vacinas antitetânica e da febre amarela atrasadas

Quem também se empolgou quando viu o carro da vacina na rua foi o lojista Douglas Sales, 34 anos. Ele ainda não havia tomado a terceira dose contra o coronavírus, além de estar com as vacinas antitetânica e da febre amarela atrasadas.

“Acho a ideia muito legal. Na verdade, eu não ia tomar essas vacinas porque o posto de saúde é longe daqui. Prefiro ficar em casa. Mas eles apareceram aqui e eu não ia perder uma moleza dessa”, comenta.

Joshua Freitas, 6 anos, foi levado pelos pais, Lairton Freitas e Elaine da Silva, para ser vacinado na unidade fixa montada na Paróquia São Pedro Nolasco

O pequeno Joshua Freitas, 6 anos, foi com os pais Lairton Freitas, 21, e Elaine da Silva, 28, até a unidade fixa montada na Paróquia São Pedro Nolasco, no início da Vila Telebrasília. A família seguiu para o local porque o menino precisava tomar quatro vacinas que já estavam atrasadas. “A iniciativa é muito boa, porque é difícil conseguirmos levá-lo no postinho. Assim, facilita”, elogiou Lairton. O casal ainda aproveitou para atualizar os próprios cartões de vacina e aproveitou para tomar a dose de reforço contra a covid.

Todos os imunizantes do calendário vacinal do DF são oferecidos no projeto Vacina em Casa, com exceção da BCG, por se tratar de uma vacina muito específica e com uma técnica diferenciada e que é oferecida nas maternidades.

Alguns imunizantes estão disponíveis apenas no ponto fixo, que fica em um lugar central das áreas visitadas, devido às questões logísticas. “Essas vacinas precisam ter uma preservação de temperatura ideal, então não conseguimos carregar todas. Levamos as que estamos considerando mais estratégias para a retomada da cobertura vacinal no DF”, revela Adriano de Oliveira.

São consideradas estratégicas as vacinas contra a covid-19, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo B e poliomielite VIP), influenza e poliomielite.

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