Turcos e sírios residentes no DF falam sobre terremoto em seus países

A Embaixada da Turquia em Brasília já mobiliza doações financeiras para ajudar os atingidos pelos tremores no país. Sírios moradores da capital falam da angústia de acompanhar as notícias a distância.

A Embaixada da República da Turquia em Brasília está mobilizando doações financeiras para os atingidos pelo forte terremoto que atingiu o país na última segunda-feira. “Nesta fase, nenhuma ajuda física será enviada por aviões. No entanto, doações financeiras podem ser fornecidas às instituições relevantes, se alguém desejar”, informou a embaixada, em nota. Os interessados em ajudar as vítimas da catástrofe, que também atingiu o noroeste da Síria, podem doar pelos links no site da embaixada, que dão acesso aos sites de três instituições que estão fazendo o trabalho de aplicar os recursos nas áreas e populações mais afetadas.

O primeiro tremor teve o epicentro na região central da Turquia, com 7,8 de magnitude e ocorreu às 4h17 de segunda no horário local (22h17 de domingo, no horário de Brasília). Já o segundo terremoto, de 7,5 de magnitude, foi registrado às 13h30 de segunda em horário local (7h30 da manhã de segunda-feira, no horário de Brasília). Milhares morreram nos dois países, outros estão feridos ou desaparecidos.

A família Aljaramani, moradora de Sobradinho 1, veio ao Brasil há 16 anos e também está apreensiva com o terremoto que atingiu o país natal. Lana Aljaramani, 19, conta que os familiares são de Suede, cidade que não foi atingida pelos tremores, mas que eles têm amigos que são de cidades que foram destruídas pelos abalos sísmicos. “Eles contam para a gente como está sendo a busca por sobreviventes em meio aos escombros. Ouvimos a história de uma menina de 7 anos que prometeu trabalhar para sempre para o Corpo de Bombeiros se eles salvassem o irmãozinho dela de 5 anos”, lamenta. “Não temos parentes atingidos, mas ficamos apreensivos porque vários amigos e seus familiares estão nessa situação.”

Lana é nascida na Síria e descreve a comunidade síria como muito conectada. Muito do que ela, o pai, Mandouh, a mãe, Lina, e as duas irmãs menores estão sabendo da tragédia vem de relatos feitos em redes sociais. Ela também conta que está havendo uma grande mobilização para ajudar os que mais precisam no momento. “Os países árabes vizinhos e outras regiões da Síria estão mandando ajuda para lá, como ônibus para o resgate de vítimas e cobertores”, diz.

Yasemin Ceyhan, 21, é filha de pai turco com mãe brasileira e mora no Brasil desde os 10 anos de idade. O pai e outros familiares da estudante de medicina residem na cidade de Tarso, próximo a Adana, que também sofreu com os abalos sísmicos, mas com menor intensidade do que em outras regiões da Turquia. “Tarso teve construções destruídas. Caíram alguns prédios, acredito que tenha havido algumas mortes mas não sei ao certo. Mas os meus familiares estão todos bem”, alivia-se a estudante. “Eles me contam que até o momento ainda estão sentindo tremores.”

Embargo

O empresário Raad Massouh, 65, nasceu em uma pequena cidade chamada Marmarita, na Síria, mas veio para o Brasil com apenas 4 anos. No entanto, a ligação com o país natal nunca enfraqueceu. O pai dele, Mtanios Nakle Massouh, 94, passa metade do ano aqui e outra lá. Por sorte, seu Mtanios estava no Brasil no momento dos tremores e Marmarita, atingida pelo terremoto, tem muitas construções feitas de pedra, mais resistentes aos abalos, diferente de outras cidades próximas dali.

No entanto, Raad chama atenção para a dura situação em que a Síria já se encontrava antes mesmo da tragédia. “A Síria está saindo de 13 anos de guerra civil e está passando por duros embargos econômicos, o que agrava ainda mais a pobreza e a vulnerabilidade. Não há máquinas para remover os escombros, medicamentos, alimentos e óleo diesel para o aquecimento das casas,” descreve o empresário.

A irmã mais velha dele mora em Marmarita e teve que sair para a rua embaixo de chuva e neve na madrugada de segunda-feira para se proteger de possíveis desabamentos. “Com esse terremoto, o mínimo que poderia ser feito é permitir que o país volte a fazer transações comerciais”, apela. Nenhum voo comercial está aterrissando no país. “Para eu levar meu pai de volta para casa, eu preciso ir para o Líbano e então pegar transporte terrestre, uma jornada muito cansativa para um senhor de 94 anos.”

Fonte: Correio Braziliense

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