Fumacê na linha de frente contra a dengue nas regiões administrativas do DF

Principal estratégia para reduzir a proliferação do mosquito, o inseticida será aplicado em mais de 20 regiões administrativas nesta semana

Toda vez que a aposentada Maria do Rosário Ferreira, 66 anos, escuta o barulho do carro do fumacê, ela corre para a garagem e abre o portão. Moradora da Chácara Nossa Senhora Aparecida, no Sol Nascente, ela entende a importância do empenho da população na luta contra o Aedes aegypti. “É sempre assim: eu abro o portão e a fumaça entra na casa toda, vai até o quintal, matando o mosquito”, diz. “Faço a minha parte, não tem água parada aqui e é tudo limpo”, salienta.‌

A exemplo de Maria do Rosário, os moradores de outras regiões do Distrito Federal devem ficar atentos à passagem dos veículos de aplicação móvel do inseticida, que estão na linha de frente do combate à dengue. Neste início de ano, o Governo do Distrito Federal (GDF) intensificou a aplicação do fumacê, uma das principais estratégias para reduzir a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor de dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela.

Na última semana, entre os dias 15 e 20 de janeiro, a aplicação móvel do inseticida percorreu 11 regiões administrativas. A partir dessa segunda-feira (22), o cronograma dos veículos prevê a aplicação em pelo menos 23 cidades: Arapoanga, Arniqueira, Plano Piloto, Brazlândia, Ceilândia, Cruzeiro, Estrutural, Gama, Guará, Guará II, Lago Norte, Lago Sul, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Sobradinho, Sobradinho II, Sudoeste, Taguatinga e Vicente Pires.

A população pode conferir as rotas do fumacê pelas regiões do Distrito Federal todos os dias na Agência Brasília.

“Esse serviço serve para eliminar o máximo possível das fêmeas infectadas, cortando a transmissão do vírus. Fazemos um raio de 2 km a partir do local em que foram registrados casos de dengue para fazer o cerco contra o mosquito”, explica o coordenador de controle químico e biológico da Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde do DF, Reginaldo Braga.

Segundo o agente, a aplicação ocorre preferencialmente das 4h às 6h e das 17h às 19h e não é feita quando está chovendo, uma vez que a precipitação impede a circulação da fumaça. “É preconizado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde que é na mudança de clima, do quente para o frio e do frio para o quente que a fêmea sai do repouso dentro dos lares para fazer o repasse do sangue no raio de 500 metros. Ou seja, são nesses horários que precisamos atuar para impedir a circulação dela”, esclarece Braga.

População de portas abertas

Zenaide da Silva teve dengue e ressalta que “todo mundo precisa ajudar”

Na rua de Maria do Rosário, todo mundo está de olho nos hábitos dos vizinhos que podem comprometer a saúde da comunidade. A dona de casa Zenaide da Silva, 60, conta que observa se tem lixo e água acumulados nas casas, para evitar os focos do mosquito, mas ainda assim pegou a doença. “A dengue é muito dolorosa e pode até matar as pessoas. Eu cuido da minha casa e já teve vezes em que varri a rua toda. Mas todo mundo precisa ajudar. O mosquito sai voando e pica todo mundo”, pontua.

O motorista Amaury Figueiredo, 55, é outro vizinho aliado do combate ao Aedes aegypti. “O carro do fumacê é muito importante para proteger a gente porque muitas pessoas já pegaram dengue esse ano”, relata. “Na minha casa, a gente cuida muito da água encostada, não deixa pneus e nem vasilhas com água. Sempre pergunto para os meus vizinhos como está na casa deles porque é um mosquito. Ele não vem só na casa de um, vai na casa de todo mundo”, enfatiza.

Ações de combate

Além do fumacê, outras ações de combate foram adotadas pelo GDF, tais como o manejo ambiental, o controle químico, as inspeções dos agentes de vigilância a residências e o investimento em novas tecnologias, como as armadilhas ovitrampas.

Amaury Figueiredo cuida da limpeza de casa e pergunta como está a prevenção na residência de vizinhos

‌A Secretaria de Saúde elaborou também o Plano para Enfrentamento da Dengue e outras Arboviroses para os anos de 2024 a 2027. O intuito é maximizar as ações no combate às doenças, reduzir casos e mortes decorrentes de dengue, diminuir o tempo de resposta do enfrentamento e minimizar as dificuldades decorrentes da sazonalidade, assim como os riscos de epidemia. As ações contam com a articulação e apoio de outros órgãos do GDF.

Também foram implantadas tendas de acolhimento ao lado das administrações regionais das cidades com maior incidência da doença atualmente. O serviço está disponível desde o último sábado (20), das 7h às 19h, em Ceilândia, Sol Nascente/Pôr do Sol, Samambaia, Sobradinho, São Sebastião, Estrutural, Recanto das Emas, Brazlândia e Santa Maria. Nos locais são oferecidos testes rápidos de dengue, acolhimento de pessoas com sintomas e hidratação dos pacientes com a doença, além de informações sobre combate ao mosquito, descarte correto de lixo e espaço para denúncias de locais com possíveis focos.

‌Atendimento

Cidadãos com sintomas de dengue devem procurar a unidade básica de saúde (UBS) mais próxima, diante dos primeiros sintomas da doença, como febre alta (acima de 38ºC), dores no corpo, nas articulações, atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, cefaleias e possíveis manchas vermelhas pelo corpo. Caso os sintomas apresentados sejam graves – dores intensas na barriga, vômitos persistentes, sangramentos no nariz, na boca ou nas fezes, tontura e cansaço extremo –, a orientação é procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPAs).

Todas as 175 UBSs estão na linha de frente dos casos suspeitos, com unidades abertas aos sábados, das 7h às 12h ou das 7h às 19h, e outras 11 com horário ampliado de segunda a sexta-feira, das 7h às 22h. Veja aqui o endereço de cada unidade e os horários de atendimento.

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