Os Estados Unidos formalizaram sua retirada da Organização Mundial da Saúde (OMS), em uma decisão anunciada pelo presidente Donald Trump. A medida representa uma reviravolta significativa na política externa americana e nas relações internacionais em saúde pública, com amplas implicações para o combate a crises sanitárias globais.
Trump justificou a decisão com base em críticas à condução da pandemia de COVID-19 pela OMS, acusando a organização de má gestão e favorecimento político à China. Segundo ele, a OMS falhou em responder de maneira eficaz à pandemia e em garantir transparência nas ações de Pequim durante os estágios iniciais da crise.

O Que a Saída Significa
Redução de Financiamento
Os Estados Unidos são historicamente o maior contribuinte financeiro da OMS, respondendo por cerca de 15% do orçamento anual da organização. A saída formal, que deve ocorrer em até um ano, resultará em uma redução drástica dos recursos disponíveis para iniciativas globais, incluindo programas de combate à malária, HIV/AIDS e vacinação infantil. Especialistas alertam que os países mais vulneráveis, que dependem fortemente do suporte da OMS, serão os mais afetados.
Vacância de Liderança Global
A decisão cria um vácuo na liderança global da saúde pública, aumentando a influência de outros países, particularmente da China, dentro da OMS. Analistas destacam que a retirada dos EUA oferece uma oportunidade para que Pequim amplie sua presença e moldagem de políticas dentro da organização, o que pode alterar significativamente suas prioridades e estratégias.
Isolamento Americano
Sem participação ativa na OMS, os EUA correm o risco de se isolar em temas críticos de saúde global. A organização desempenha um papel central na coordenação de respostas a pandemias, compartilhamento de dados científicos e desenvolvimento de vacinas. Estar fora desse ambiente pode prejudicar a capacidade dos EUA de acessar informações-chave e colaborar de forma eficaz com outros países.
Repercussões Internacionais
A OMS expressou profundo pesar com a decisão americana, destacando a importância da cooperação internacional para enfrentar desafios sanitários que transcendem fronteiras. O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que “a saída dos EUA enfraquece os esforços globais para proteger a saúde de milhões de pessoas”.
Governos e especialistas em saúde pública também manifestaram preocupação com o impacto da medida. Daniel López Acuña, ex-diretor da OMS, descreveu a decisão como “um golpe significativo à saúde global”. Líderes da União Europeia instaram os EUA a reconsiderarem, destacando a necessidade de unidade em tempos de crise sanitária global.
Histórico de Conflitos e Contexto Político
Esta não é a primeira vez que Donald Trump busca desvincular os EUA da OMS. Durante seu primeiro mandato, ele anunciou a intenção de retirar o país da organização em 2020, alegando má gestão durante a pandemia de COVID-19. No entanto, o processo foi revertido pelo então presidente Joe Biden, que reafirmou o compromisso americano com a OMS em 2021. Agora, com Trump de volta à Casa Branca, a saída ganha contornos definitivos.
Impactos na Saúde Global
A retirada dos EUA ocorre em um momento de recuperação pós-pandemia, quando a OMS desempenha um papel crucial na implementação de estratégias para fortalecer os sistemas de saúde globais. Programas essenciais, como os que visam erradicar doenças tropicais e melhorar a cobertura vacinal em países de baixa renda, podem sofrer atrasos ou cortes severos.
Além disso, a decisão levanta preocupações sobre como futuras crises sanitárias globais serão enfrentadas sem o envolvimento ativo dos Estados Unidos. Pandemias, surtos de doenças infecciosas e desafios crescentes, como a resistência a antibióticos, exigem colaboração internacional para respostas eficazes.
Perspectivas Futuras
Embora a saída esteja programada para ser concluída em até um ano, ainda há espaço para reversões ou ajustes, dependendo de negociações internacionais e pressões internas. Muitos especialistas defendem que a participação dos EUA na OMS é indispensável não apenas para a saúde global, mas também para manter a posição do país como um líder em temas internacionais.
Durante o período de transição, organizações não governamentais e outros países podem buscar formas de preencher as lacunas deixadas pelo financiamento americano, enquanto a comunidade internacional pressiona por uma reavaliação da decisão
A retirada dos Estados Unidos da OMS representa um momento de inflexão na cooperação global em saúde pública. Ao mesmo tempo que reflete tensões políticas e geopolíticas, a decisão também expõe vulnerabilidades no enfrentamento de crises globais sem a participação de um dos maiores financiadores da organização.
A decisão de Trump será lembrada como um marco na relação entre os EUA e as instituições multilaterais, com consequências de longo alcance para a saúde global e para o papel de liderança dos Estados Unidos no mundo.