O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados voltou a se reunir para analisar o parecer que solicita a cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). O parlamentar é alvo de um processo disciplinar devido a um episódio ocorrido durante uma sessão na Casa, em que protagonizou um acalorado debate com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

O caso remonta a junho de 2022, quando Glauber Braga, durante uma discussão sobre a proposta de privatização da Petrobras, acusou Lira de agir como um “capataz de Bolsonaro” e de favorecer interesses privados. A fala gerou grande repercussão e motivou a abertura do processo no Conselho de Ética, sob a acusação de quebra de decoro parlamentar.
O relator do caso apresentou um parecer favorável à cassação, alegando que o comportamento do deputado foi desrespeitoso e atentou contra a dignidade do Parlamento. Na visão do relator, as declarações de Glauber Braga excederam os limites da liberdade de expressão garantida aos parlamentares, configurando conduta incompatível com o exercício do mandato.
O Conselho de Ética já havia iniciado a apreciação do parecer em sessões anteriores, mas o processo foi interrompido devido a divergências entre os membros e pedidos de vista. Na retomada da análise, parlamentares do PSOL e de partidos aliados defenderam Glauber Braga, destacando que sua atuação representa uma postura combativa e crítica, característica de seu mandato.
Glauber Braga, por sua vez, argumenta que sua fala foi uma manifestação legítima de oposição ao governo e à condução de Arthur Lira à frente da Câmara. O deputado sustenta que o processo de cassação é uma tentativa de cercear sua atuação política e de punir quem ousa criticar os poderes estabelecidos.
O Conselho de Ética ainda não concluiu a votação do parecer. Caso o relatório pela cassação seja aprovado, o processo será encaminhado ao plenário da Câmara, que deverá votar pela manutenção ou não do mandato de Glauber Braga. A expectativa é que a decisão final reflita tanto as discussões internas da Casa quanto a pressão de movimentos sociais que apoiam o deputado.