Informação foi dada durante entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (2). Penas podem de ir de 211 anos a 385 anos, segundo promotores.
Os cinco acusados pela chacina de 10 pessoas da mesma família no Distrito Federal cometeram mais de 100 crimes, diz o Ministério Público do DF (MPDFT). A informação foi dada durante entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (2), na sede do órgão, em Brasília.
Segundo os promotores, as penas podem de ir de 211 anos a 385 anos. Pela manhã, o MPDFT informou que denunciou os cinco envolvidos na morte da família da cabeleireira Elizamar Silva, de 39 anos. A ação foi apresentada ao Tribunal do Júri de Planaltina.
Os principais crimes cometidos pelo grupo são:
- Homicídio
- Extorsão com resultado morte
- Corrupção de menores
- Ocultação de cadáveres
- Constrangimento ilegal
- Roubo
- Associação criminosas
Cinco homens estão presos pelo crime. São eles:
- Carlos Henrique Alves da Silva
- Carlomam dos Santos Nogueira
- Fabrício Silva Canhedo
- Horácio Carlos Ferreira Barbosa
- Gideon Batista de Menezes
O promotor de Justiça Daniel Bernouilli informou que o fato de oferecer denúncia não significa que o MPDFT “não vá trazer novos elementos ao processo”. “Esses elementos podem ser trazidos inclusive poucos dias antes do julgamento. Então ainda há pendências com relação a alguns laudos que serão muito importantes pra nós, pra robustecer as provas que já existem”, disse.
“Estamos diante do maior caso do complexo de crimes da história do DF”, disse o promotor.
As 10 vítimas da chacina são:
- Elizamar Silva, de 39 anos: cabeleireira
- Thiago Gabriel Belchior, de 30 anos: marido de Elizamar Silva
- Rafael da Silva, de 6 anos: filho de Elizamar e Thiago
- Rafaela da Silva, de 6 anos: filha de Elizamar e Thiago
- Gabriel da Silva, de 7 anos: filho de Elizamar e Thiago
- Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos: pai de Thiago e sogro de Elizamar
- Cláudia Regina Marques de Oliveira, de 54 anos: ex-mulher de Marcos Antônio
- Renata Juliene Belchior, de 52 anos: mãe de Thiago e sogra de Elizamar
- Gabriela Belchior, de 25 anos: irmã de Thiago e cunhada de Elizamar
- Ana Beatriz Marques de Oliveira, de 19 anos: filha de Cláudia e Marcos Antônio
Motivação para o crime
De acordo com a investigação da Polícia Civil do Distrito Federal, a motivação para o assassinato de Elizamar e mais nove pessoas de sua família foi a posse de uma chácara, avaliada pelos criminosos em R$ 2 milhões.
Conforme o delegado Ricardo Viana, os cinco homens e o adolescente agiram para se apropriar do terreno e de R$ 200 mil obtidos pela ex-mulher de Marcos com a venda de uma casa.
Ao matar toda a família, os assassinos consideravam que não haveria herdeiros da propriedade e eles poderiam reivindicar sua posse para uma futura venda, de acordo com o que averiguou a polícia.
O delegado Ricardo Viana, da 6ª Delegacia de Polícia, no Paranoá, afirma que os suspeitos podem pegar até 340 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, latrocínio, associação criminosa qualificada, corrupção de menor e extorsão com resultado morte.
Linha do tempo
A Polícia Civil detalhou como ocorreram os assassinatos. Os crimes começaram a ser praticados no dia 28 de dezembro do ano passado e terminaram mais de duas semanas depois, no dia 15 de janeiro, quando as dez pessoas da família já haviam morrido. Veja linha do tempo abaixo:
- 28 de dezembro
Na noite de 28 de dezembro, Marcos Antônio Lopes de Oliveira, Renata Juliene Belchior e Gabriela Belchior foram rendidos por Carlomam e o adolescente, na chácara em que moravam. O acesso ao local foi dado por Gideon, que também vivia no local.
Durante a ação, Horácio se fez de vítima diante da família. Com uma arma de fogo, Carlomam ameaçou Marcos e Horácio, enquanto Renata e Gabriela estavam dentro da casa. No entanto, Marcos reagiu e foi atingido por um disparo na nuca, feito por Carlomam.
Agonizando, Marcos foi enrolado em um tapete e colocado dentro do carro de Gideon, que também estava no local para ajudar com a farsa. Já Gabriela e Renata foram amordaçadas, vendadas e amarradas. Todos foram de carro até um cativeiro, em Planaltina.
Já no cativeiro, Carlomam, Gideon e Horácio esquartejaram o corpo de Marcos Antônio antes de o enterrarem. Diante da brutalidade do crime, o adolescente decidiu fugir do local. Gabriela e Renata foram mantidas reféns, sendo vigiadas por Fabrício Silva Canhedo.
- 4 de janeiro
De acordo com a Polícia Civil, os investigados também queriam R$ 200 mil obtidos por Cláudia Regina Marques de Oliveira — ex-mulher de Marcos Antônio — com a venda de uma casa.
Após a venda, o grupo mandou uma mensagem pelo celular de Marcos Antônio para Cláudia, oferecendo a ajuda de Gideon, Horácio e Fabrício na mudança dela e da filha, Ana Beatriz Marques de Oliveira, para a nova casa.
Com acesso à casa nova, o trio permitiu a entrada de Carlomam, que rendeu Cláudia em uma simulação de assalto.
Em seguida, Gideon e Horácio levaram Ana até a residência, e Carlomam simulou novamente o assalto. Segundo a polícia, Gideon e Horácio se fizeram de vítimas mais uma vez.
Com mãe e filha rendidas, elas foram levadas para o cativeiro de Planaltina, onde Gabriela e Renata já estavam.
- 12 de janeiro
A Polícia Civil afirma que Thiago Gabriel Belchior, marido de Elizamar e filho de Marcos Antônio, começou a perguntar para Gideon e Horácio sobre o paradeiro do pai. Por isso, o grupo decidiu antecipar o sequestro de Thiago e do restante da família.
Eles atraíram o homem até a chácara ao mandar uma mensagem, mais uma vez pelo celular de Marcos, pedindo para que ele fosse até o local, com Elizamar e os três filhos. Um papel com o que deveria ser escrito na mensagem foi encontrado no cativeiro.
Como o adolescente não aceitou mais participar do esquema, o grupo chamou Carlos Henrique Alves da Silva para ajudar no sequestro do restante da família. Mais uma vez, Carlomam rendeu as vítimas simulando um assalto, para que Horácio e Gideon continuassem como vítimas para a família.
Thiago foi amordaçado e amarrado para ser levado ao cativeiro. Já Elizamar e as crianças foram colocadas dentro do carro da cabeleireira e levados para Cristalina (GO), onde eles foram mortos e o veículo foi queimado.
- 14 de janeiro
Com uma faca, Carlomam e Horácio mataram Thiago, Cláudia e Ana. Os corpos foram enterrados em uma cisterna, em uma área rural de Planaltina.