Olivier Leducq, CEO do grupo francês Tereos, manifestou-se contra o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), alegando que sua implementação resultaria em “concorrência desleal” para os produtos agrícolas franceses. A Tereos, segunda maior produtora mundial de açúcar e proprietária da marca brasileira Guarani, está presente no Brasil há 24 anos.
Em comunicado divulgado em suas redes sociais, Leducq expressou preocupação com a entrada de produtos importados que não atendem aos mesmos padrões ambientais e sociais exigidos na França, o que, segundo ele, ameaçaria o futuro dos agricultores e territórios franceses.
A declaração de Leducq ocorre em meio a protestos de agricultores franceses contra o acordo e após o presidente do Carrefour, Alexandre Bompard, anunciar que não compraria mais carnes do Mercosul para as unidades francesas do grupo.
Em resposta, a unidade brasileira da Tereos esclareceu que a declaração do CEO não questiona a qualidade dos produtos ou o comprometimento do Brasil e do Mercosul com práticas sustentáveis, mas sim a necessidade de discutir as diferenças regulatórias entre os blocos. A empresa destacou que cerca de 60% de sua produção no Brasil é exportada, respaldada por certificações internacionais de qualidade e sustentabilidade socioambiental.
Posteriormente, Leducq publicou nova declaração em suas redes sociais, afirmando que alguns termos usados anteriormente geraram mal-entendidos e que não teve a intenção de criticar a agricultura brasileira. Ele enfatizou que a empresa não opõe a Europa ao Brasil e que nunca questionou a capacidade do Brasil de fornecer produtos de qualidade ou seu comprometimento com uma forte legislação local.
O acordo entre Mercosul e União Europeia, assinado em 2019, visa reduzir ou eliminar tarifas de importação e exportação entre os blocos, abrangendo diversos setores, incluindo o agrícola. No entanto, sua implementação enfrenta resistência de setores europeus que temem a concorrência de produtos sul-americanos.
A controvérsia em torno do acordo ressalta a complexidade das negociações comerciais internacionais e a necessidade de equilibrar interesses econômicos com padrões ambientais e sociais.