O governo brasileiro está considerando reduzir a tarifa de importação de etanol como estratégia para atenuar as recentes tensões comerciais com os Estados Unidos. A medida busca responder à decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de impor uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, afetando significativamente as exportações brasileiras desses produtos.

Contexto das tarifas norte-americanas
Em fevereiro de 2025, o presidente Trump anunciou a aplicação de uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, justificando a medida como necessária para proteger a indústria nacional e corrigir práticas comerciais que considera injustas. O Brasil, sendo o segundo maior exportador de aço para os EUA, com 48% de suas vendas externas destinadas a esse mercado, foi diretamente impactado pela decisão.
Disparidade nas tarifas de etanol
Um dos pontos de tensão nas relações comerciais entre os dois países é a diferença nas tarifas de importação de etanol. Atualmente, os Estados Unidos aplicam uma tarifa de 2,5% sobre o etanol importado, enquanto o Brasil impõe uma tarifa de 18% sobre o etanol norte-americano. Essa discrepância tem sido apontada pelo governo dos EUA como uma prática comercial injusta, levando à inclusão do etanol brasileiro na lista de produtos sujeitos a tarifas recíprocas.
Possíveis benefícios da redução tarifária
A redução da tarifa de importação de etanol pelo Brasil poderia trazer múltiplos benefícios:
- Negociações comerciais: A medida poderia servir como um gesto de boa vontade para negociar a exclusão do Brasil das tarifas norte-americanas sobre aço e alumínio, aliviando as tensões comerciais entre os dois países.
- Controle da inflação: A entrada de etanol importado a preços mais competitivos poderia contribuir para a redução dos custos dos combustíveis no mercado interno, auxiliando no controle da inflação, especialmente em um momento de alta nos preços dos alimentos que tem afetado a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Desafios e considerações internas
Entretanto, a proposta enfrenta desafios internos. Setores da indústria nacional, especialmente os produtores de etanol de cana-de-açúcar, expressam preocupação de que a redução tarifária possa aumentar a concorrência com o etanol de milho dos EUA, afetando negativamente o mercado doméstico. Além disso, há debates internos sobre a eficácia de tais medidas no controle da inflação e seus impactos a longo prazo na economia brasileira.
Próximos passos e negociações bilaterais
O vice-presidente Geraldo Alckmin agendou uma conversa com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, para discutir as tarifas e buscar soluções que beneficiem ambos os países. A expectativa é que, através do diálogo diplomático, seja possível alcançar um acordo que minimize os impactos das tarifas e fortaleça as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.
A situação atual destaca a complexidade das relações comerciais internacionais e a necessidade de negociações equilibradas que considerem os interesses de todas as partes envolvidas. O desfecho dessas discussões terá implicações significativas para diversos setores da economia brasileira, especialmente aqueles diretamente afetados pelas tarifas e pelas possíveis mudanças nas políticas de importação.