A investigação da Polícia Federal deu um passo decisivo no escândalo da chamada “Abin Paralela”: o relatório — divulgado em 18 de junho pelo STF — revelou que a Agência Brasileira de Inteligência foi usada, sob orientação direta de Jair e Carlos Bolsonaro, para vigiar opositores, aliados e jornalistas entre fevereiro de 2019 e abril de 2021. A seguir, os principais alvos identificados:

🎯 Políticos de destaque
- Ministros do STF: Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes — ambos participaram de investigações ou criticaram o governo.
- Líderes do Congresso: Arthur Lira (Presidente da Câmara), Rodrigo Maia (ex-presidente da Câmara).
- Governadores e deputados: Camilo Santana (CE), Joice Hasselmann e Kim Kataguiri — envolvidos na CPI da Covid ou críticos do governo.
📻 Jornalistas, veículos e institutos
- Mídia crítica ao governo: revista Piauí, Instituto Artigo 220, agências Aos Fatos e Lupa.
- Institutos de pesquisa: Ipec, Quaest.
🏭 Empresas e servidores públicos
- Transportadoras e CDL de Recife — envolvidas em manifestações ou paralisações.
- Servidores federais como ex-assessor de Jair Renan Bolsonaro e agente do Ibama.
🛰️ Tecnologia usada
- First Mile: sistema de espionagem por R$ 5,7 milhões, instalado via dispensa de licitação em dezembro de 2018.
- Alcance: mais de 60 700 consultas ilegais em cerca de 1 800 terminais, sem autorização judicial, para coletar localização e dados pessoais.
🔒 Quem comandava
- Núcleo político: Jair Bolsonaro (“01”) e Carlos Bolsonaro (“02”) — definiram os alvos, recebiam relatórios e se beneficiavam do esquema.
- Núcleo operacional: Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Paulo Maurício Pinto, Frank Oliveira e outros servidores; todos indiciados por integrar o grupo clandestino.
🛑 Implicações legais
- Até aqui, 36 pessoas foram indiciadas — Carlos Bolsonaro está incluído; Jair, embora não indiciado, foi diretamente citado.
- O atual diretor da Abin, Luiz Fernando Correa, também foi acusado de obstrução.
- A matéria final segue agora para a PGR, que tem até 15 dias para decidir sobre abertura de ação penal.
A “Abin Paralela” não apenas espionou adversários políticos — incluindo ministros do STF, congressistas e líderes de oposição — como também incluiu aliados e meios de comunicação. O comando do esquema, conforme relatórios, estava centralizado na família Bolsonaro, contando com a execução por meio de agentes e ex-servidores da Abin.