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O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou que o Brasil seguirá o “rito democrático” ao enviar a embaixadora brasileira à posse do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, marcada para 2025. A decisão reforça a posição diplomática do governo brasileiro de manter relações institucionais com países vizinhos, independentemente de suas orientações políticas.
A Decisão Diplomática
Em declaração à imprensa, Amorim destacou que o envio da embaixadora segue o protocolo diplomático tradicional e não representa apoio político ao governo de Maduro. “Cumpriremos o rito democrático. A presença da embaixadora é um gesto diplomático, como ocorre com qualquer país com o qual mantemos relações”, afirmou.
A medida faz parte da política externa adotada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca retomar e fortalecer relações com países da América Latina, após anos de distanciamento diplomático durante a gestão anterior.
Repercussão Nacional e Internacional
A decisão de enviar a representante brasileira à posse de Maduro gerou reações distintas. Setores da oposição criticaram a medida, alegando que o Brasil estaria legitimando um governo acusado de práticas antidemocráticas e violações de direitos humanos. Parlamentares de partidos de oposição afirmaram que a presença da diplomata pode ser interpretada como um sinal de apoio ao regime venezuelano.
Por outro lado, analistas em política internacional defendem que o gesto faz parte da normalidade diplomática. “Manter relações institucionais não significa concordar com a política interna do país. A ausência de diálogo pode ser mais prejudicial à região do que a manutenção de canais diplomáticos abertos”, explicou o professor de Relações Internacionais Felipe Mendonça, da Universidade de Brasília (UnB).
Relações Brasil-Venezuela
Desde o início do atual governo, o Brasil vem reaproximando-se da Venezuela. Em 2023, o presidente Lula recebeu Nicolás Maduro em Brasília durante a Cúpula de Líderes da América do Sul, sinalizando a retomada das relações diplomáticas após anos de afastamento. A embaixada brasileira em Caracas foi reativada, e o comércio bilateral voltou a ser pauta de negociações.
A Venezuela, por sua vez, enfrenta sanções internacionais e pressão de diversos países por conta de denúncias de autoritarismo e crise humanitária. A reaproximação com o Brasil tem sido vista por Maduro como uma forma de romper o isolamento diplomático na região.
Impactos na Política Externa
A presença da embaixadora brasileira na posse de Maduro também é interpretada como uma tentativa do governo Lula de se posicionar como um mediador na América Latina. O Brasil busca atuar como um interlocutor capaz de promover o diálogo entre diferentes governos, independentemente de suas ideologias.
Para especialistas, essa estratégia pode fortalecer a posição brasileira em fóruns regionais e internacionais, como o Mercosul e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Contudo, há o risco de desgastes diplomáticos com países que adotam posturas mais críticas ao governo venezuelano.
A decisão do governo brasileiro de enviar a embaixadora à posse de Nicolás Maduro é um movimento diplomático estratégico que reforça a política externa do Brasil de manter diálogo com todos os países da região. Embora a decisão tenha gerado críticas internas, o governo defende que o gesto faz parte das normas diplomáticas e busca preservar o papel do Brasil como um agente de diálogo e integração na América Latina.
O desafio será equilibrar essa aproximação com a Venezuela sem comprometer a imagem do Brasil no cenário internacional, especialmente diante das críticas sobre a situação política e humanitária no país vizinho.
