Brasília tem maior percentual do país de gestação na faixa dos 30 aos 39 anos. Segundo obstetra, tendência é de que mulheres posterguem maternidade por estabilidade financeira, mas gestação após os 35 aumenta riscos de complicações; entenda.
As mulheres no Distrito Federal preferem ter filhos mais velhas. Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior percentual do país de gestação na faixa entre 30 e 39 anos é em Brasília.
Além disso, o DF tem o menor índice de mulheres com até 20 anos de idade que tiveram filhos, de acordo com o estudo divulgado na semana passada. Os dados são da Pesquisa Estatísticas do Registro Civil, que analisou os nascimentos no Brasil em 2021.
“A maior parte das mulheres está com a tendência de postergar a maternidade, seja pela influência escolar ou profissional, seja por escolha pessoal, o que interfere na faixa etária de gravidez”, diz o médico Marcus Vinícius de Paula.
O obstetra da Maternidade Brasília explica que as pacientes de 30 a 39 anos têm duas características importantes:
- Por um lado, são mulheres com maior chance de gravidez planejada, com o mesmo parceiro há vários anos e estabilidade financeira
- Por outro, elas têm mais ansiedade sobre o desfecho gestacional, com várias preocupações inerentes à gravidez
Riscos e benefícios
A brasiliense Fabiana Pullen, mãe do Matheus de 1 ano e 10 meses, engravidou aos 37 e conta que, na gestação, pôde observar as duas perspectivas. Antes de Matheus – seu primeiro filho – nascer, ela teve dois abortos espontâneos após complicações na gravidez.
A gestação de Matheus também não foi fácil, ela conta.
“Não conseguiam ver pelas ultrassonografias o osso nasal dele, tive uma artéria umbilical única e ele foi pequenininho desde a barriga, com o peso sempre abaixo da média”, diz Fabiana.
O exame de ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre deve ser realizado por todas as pacientes com gravidez de 11 a 13 semana. Ele estima o risco de malformações cromossômicas do bebê e, uma das análises, citada por Fabiana, é a do osso nasal. A sua ausência pode estar relacionada a um aumento do risco de síndromes cromossômicaa, como a Síndrome de Down.
Já a artéria umbilical única pode ser um alerta para possíveis malformações fetais.
“Eu sempre ficava preocupada. […] Mas acho importante também acalmar as mães, principalmente as que estão tentando engravidar, porque existe a chance [de complicações]. É um pouco mais aumentada do que com as pessoas mais novas, mas se você parar num grupo de pessoas e perguntar, nem todo mundo vai ter um caso pra contar”, diz Fabiana.
“Então, se é um sonho da mulher ser mãe, se ela quer ser mãe, que ela não se prive desse sonho pelo medo”, afirma.
Para Fabiana, a gravidez veio na hora certa. “Uma das coisas que me levaram também a decidir por engravidar mais tarde, era justamente buscar ter independência financeira antes. Então eu fiz mestrado fora do país, voltei ao Brasil e procurei um emprego dos sonhos, aquela coisa toda. Eu não conseguia ver como um filho iria se encaixar naquela rotina, durante aquelas buscas profissionais”, diz ela.
Segundo o obstetra Marcus Vinícius de Paula, que acompanhou a gestação de Renata, do ponto de vista biológico, mulheres acima dos 35 anos de idade são consideradas “mães idosas”, com aumento de alguns fatores de risco:
- Maior taxa de incidência de diabetes
- Maior taxa de hipertensão
- Maior incidência de alterações cromossômicas, como a Síndrome de Down
“Mas isso não significa necessariamente que as mulheres não devem engravidar nesta faixa etária, só devem estar cientes desses riscos aumentados”, pondera o médico.
Para mulheres com mais de 30 anos que querem engravidar, o obstetra elenca algumas dicas:
- Faça seus exames de rotina regularmente
- Procure um ginecologista para orientações pré-gestacionais
- Inicie suplementação de ácido fólico 3 meses antes de engravidar
- Procure entender sobre o processo de gravidez e parto para não ser surpreendida com todas as mudanças.
O médico também dá orientações para as mulheres que já estão grávidas:
- Faça pré-natal regular com médicos especializados
- Faça seus exames ultrassonográficos com especialistas em medicina fetal
- Siga as orientações dos obstetras quanto a exames, medicações e orientações
- Tenha uma vida saudável com alimentação balanceada e atividade física sempre que possível
- Procure entender a melhor forma de parto para o seu caso e tenha conhecimento para decidir com segurança em conjunto com seu obstetra