Feito da casca de caju, o novo coagulante pode ser aplicado em águas turvas e barrentas como as de represas, poços e rios.
Encontrar uma solução sustentável para a reutilização de águas e aumentar o acesso à água potável, principalmente no Nordeste. Essas foram as motivações de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para criar um novo coagulante, feito a partir da casca de caju, para o tratamento de águas turvas e barrentas como as de represas, poços e rios.
Bruna Ferreira dos Anjos, mestre em Ciências Florestais (CAPES/UFRN), explica que o coagulante é produzido a partir do tanino, composto vegetal presente na casca do cajueiro, depois de passar por um processo químico. “Essa modificação na estrutura química propicia o seu emprego como floculante para a clarificação de água”, conta. A floculação, ou coagulação, é uma das etapas do tratamento de água. São os flóculos que captam as sujeiras.
A bolsista conta que “o coagulante, em pó, age como ligante capturando as sujeiras, formando flocos maiores, passíveis de filtragem”. A pesquisa comprovou que a aplicação do produto reduziu a turbidez da água entre 95% e 99%. Além disso, o produto sustentável tem inúmeras vantagens em comparação aos coagulantes químicos como o aumento da vida útil dos filtros, a diminuição no volume de lodo gerado e o aumento da eficiência na remoção de cor turva. Os taninos também possuem a propriedade de não alterar o pH da água tratada.
Além de tentar minimizar a falta de acesso à agua potável, problema que atinge quase 35 milhões de brasileiros, 27,6% dos nordestinos e 40% da população rural do Nordeste, a pesquisa também poderá ser um diferencial no desenvolvimento da região: a matéria-prima é abundante por lá e representa mais de 98% de plantio da espécie no País.
Fonte: Ministério da Educação