Lula Evita Eventos do Dia do Trabalho Após Fraude no INSS e Preocupação com Baixa Mobilização

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por não comparecer aos atos do 1º de Maio de 2025, organizados por centrais sindicais em São Paulo, em um movimento para evitar exposição a possíveis constrangimentos após eventos anteriores com baixa participação popular. A decisão ocorre em meio à crise gerada por um esquema de fraudes no INSS, que desviou R$ 6,5 bilhões de aposentados, e à fragilização política do governo após recusas de aliados a cargos ministeriais.

Contexto da Ausência

Lula, que participou dos atos em 2023 e 2024, enfrentou em 2024 um evento com apenas 1.600 pessoas no estacionamento da Neo Química Arena, em São Paulo. Na ocasião, criticou publicamente a organização do evento, classificando-o como “mal convocado”. A queda na mobilização de apoiadores da esquerda contrasta com a força de atos bolsonaristas, como o de março de 2025, que reuniu 26 mil pessoas em Copacabana.

Impacto da Fraude no INSS

A Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF e CGU, expôs descontos irregulares em benefícios previdenciários desde 2019, afetando 6 milhões de aposentados. A CGU identificou que 97,6% dos beneficiários não autorizaram os descontos, vinculados a sindicatos e associações fraudulentas. A crise levou à exoneração do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e à nomeação do procurador Gilberto Waller Júnior, mas Lula evitou detalhar como os valores serão ressarcidos.

Estratégia de Comunicação

Para compensar a ausência nos atos, Lula gravou um pronunciamento em rede nacional, defendendo pautas trabalhistas como a redução da jornada de 44 para 40 horas semanais e o fim da escala 6×1. Também anunciou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, medida demandada por centrais sindicais. No discurso, destacou a atuação do governo no desmonte do esquema do INSS, atribuindo sua origem ao governo Bolsonaro.

Cenário Político

A decisão de Lula reflete a fragilidade da articulação governista:

  • O deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) recusou o convite para assumir o Ministério das Comunicações, expondo fissuras na base aliada.
  • A oposição protocolou pedido de CPI para investigar as fraudes no INSS, pressionando o governo.
  • Ministros como Carlos Lupi (Previdência) enfrentam cobranças por demissão, mas Lula resiste a mudanças no comando da pasta.

A ausência de Lula nos atos do 1º de Maio simboliza um momento crítico de seu terceiro mandato, marcado por desafios na mobilização de base e escândalos que ecoam crises passadas. Enquanto o governo tenta redirecionar o foco para reformas trabalhistas, a pressão por transparência nas investigações do INSS e a reconstrução de alianças políticas tornam-se urgentes. Como destacou um aliado, “o presidente precisa evitar que a imagem de defensor dos trabalhadores seja eclipsada por falhas de gestão”. O desfecho dependerá da capacidade de converter promessas em ações concretas — tanto nas ruas quanto no Congresso.

About Danillo Luiz

Fotógrafo, Cineasta e Repórter.

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