O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou para Roma na noite de 24 de abril acompanhado de uma comitiva que inclui a primeira-dama Janja da Silva, líderes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de 12 parlamentares e quatro ministros. O grupo, que totaliza 18 autoridades, participará do funeral do papa Francisco, marcado para 26 de abril no Vaticano. A viagem, além de homenagear o pontífice, evidencia uma estratégia de articulação política em meio a tensões internas e busca reforçar laços com a comunidade católica brasileira.

Quem Compõe a Comitiva
A lista divulgada pelo Palácio do Planalto inclui:
- Líderes dos Três Poderes:
- Luís Roberto Barroso, presidente do STF;
- Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Senado;
- Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara.
- Ministros de Estado:
- Mauro Vieira (Relações Exteriores);
- Ricardo Lewandowski (Justiça);
- Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário);
- Macaé Evaristo (Direitos Humanos).
- Parlamentares de Diferentes Partidos:
- Senadores como Renan Calheiros (MDB-AL) e Soraya Thronicke (Podemos-MS), esta última rival de Lula nas eleições de 2022;
- Deputados como Padre João (PT-MG) e Professora Goreth (PDT-AP), representando uma diversidade ideológica.
- Celso Amorim, assessor-chefe da Presidência, e a possível presença da ex-presidente Dilma Rousseff, que se juntaria ao grupo em Roma.
Logística e Contexto da Viagem
A delegação partiu de Brasília em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e retornará no sábado (26), após as cerimônias fúnebres. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) assumiu interinamente a Presidência, seguindo o protocolo de sucessão.
A escolha dos integrantes reflete uma estratégia de aproximação com o Congresso, onde o governo enfrenta resistências. A inclusão de nomes como Soraya Thronicke, crítica frequente de Lula, sugere um gesto de diálogo bipartidário.
Significado Político e Simbólico
A participação ostensiva de autoridades brasileiras no funeral tem múltiplas camadas:
- Diplomacia Religiosa: O papa Francisco era visto como uma figura transcendeu o catolicismo, atraindo admiração de evangélicos progressistas e até de não religiosos. Sua defesa de causas como justiça social e meio ambiente alinhava-se à retórica do governo Lula.
- Legado Histórico: Em 2005, Lula levou ex-presidentes ao funeral de João Paulo II. Desta vez, priorizou líderes atuais, sinalizando uma mudança de foco para alianças contemporâneas.
- Projeção Internacional: A presença brasileira reforça a imagem do país como mediador global, especialmente após Lula destacar em discursos o alinhamento com os ideais de paz e combate à fome do pontífice.
A comitiva de Lula ao funeral do papa Francisco transcende o caráter protocolar. Além de honrar um líder religioso que influenciou agendas globais, a viagem consolida pontes políticas internas e projeta o Brasil como um ator comprometido com valores humanitários. Enquanto analistas questionam se o gesto converterá em apoio concreto no Congresso 4, o evento marca um momento de união simbólica em um cenário polarizado. Como destacou Robson Sávio Reis Souza, pesquisador da PUC/Minas, “a presença ostensiva é uma sinalização ao eleitorado católico e uma tentativa de capitalizar o legado de Francisco”.
O desafio, agora, é transformar esse simbolismo em ações concretas — tanto na política doméstica quanto na diplomacia internacional.