A tomada de Taiwan será o start da Terceira Guerra Mundial?

A pergunta que abre esse artigo pode soar polêmica, exagerada e até mesmo alarmista, mas antes que você esteja pensando isso tudo e um pouco mais, o intuito dessa análise não é assustar e sim preparar para os próximos dias que estão por vir, cuja a certeza é cada vez mais nebulosa. Nos mais diversos cenários traçados de conflitos que poderão ser o grande “iniciador” da mãe de todas as guerras, se encontra a disputa no Mar da China Meridional com uma tentativa chinesa de tomar Taiwan como nos velhos temos, com armas e não palavras. No intuito de avaliar os possíveis cenários de uma tomada de Taiwan será utilizado o documento do Exército de Libertação Popular (PLA), ele nos ajudará a traçar os cenários de guerra em Taiwan idealizados pelo exército da República Popular da China (RPC), ao final analisaremos um pouco se o estopim da Terceira Guerra Mundial pode de fato vir da pequena ilha de Taipei.  

COMO A CHINA PENSA QUE SERÁ A GUERRA POR TAIWAN – CENÁRIOS DA PLA

No final do ano de 2015, exatamente no último dia 31 de dezembro, o RPC iniciou seu programa de reestruturação militar, cujo principal objetivo era produzir uma “força conjunta” que fosse capaz não só de lutar, como vencer as futuras guerras que a China prevê que estará envolvida. As guerras que Xi Jinping e a elite do Partido Comunista Chinês (PCC) planejam, envolve desde a conquista da República da China (ROC ou Taiwan), até o desencorajamento, atraso e até mesmo destruição das ações militares dos EUA, que segundo Pequim, tentariam ajudar na defesa de a ilha e até se expandir para o Mar Meridional. Os cenários contendo os objetivos e previsões desse artigo, foram escritos por estrategistas e teóricos militares do Exército de Libertação Popular (PLA) e possuem o nome de “Principal Direção Estratégica da China”. Os escritos do PLA indicam que os estrategistas militares chineses se concentram em cinco grandes cenários de conflito. Os planos de guerra foram construídos em torno desses cenários e exigem graus variados de forças militares, mas sempre trabalhando de forma conjunta.

Cenário 1 – Operações de Ataque Conjunto do Poder de Fogo contra Taiwan

Nesse cenário, o PLA iniciaria sua ofensiva empregando mísseis e ataques aéreos contra Taiwan com o objetivo de suprimir e destruir alvos na ilha. Alvos militares, políticos e econômicos taiwaneses cuidadosamente selecionados seriam atingidos. Os ataques seriam feitos para suprimir as capacidades defensivas de Taiwan e, em teoria, enfraquecer o moral e a vontade de resistir às demandas do PCC.

Cenário 2 – Operações conjuntas de bloqueio contra Taiwan

Nesse cenário, o PLA usaria uma série de capacidades ofensivas para cortar as conexões de Taiwan com o mundo exterior, incluindo ataques eletrônicos e cibernéticos, mísseis e ataques aéreos, ataques navais à superfície e guerra ofensiva contra minas. Escritos militares chineses consideram tais ataques necessários para obter controle de informações, controle aéreo e controle marítimo. As operações militares possivelmente seriam prolongadas, mas feitas de forma contínua, seriam caracterizados por ataques de baixa intensidade, seguidos de pausas que permitissem possíveis negociações políticas.

Cenário 3 – Operações de ataque conjunto contra Taiwan

Em nosso terceiro cenário, o PLA lançaria uma operação anfíbia total, em teoria a China pode tentar uma invasão inesperada ou com aviso zero. No entanto, por uma série de razões práticas, parece provável que o PLA, no mínimo, buscasse primeiro obter o controle localizado sobre os domínios eletromagnéticos, aéreos e marítimos no Estreito de Taiwan. As forças chinesas iriam em seguida isolar e/ou atacar Ilhas de Taiwan no Estreito (Kinmen, Wuqiu, Matsu, Dongyin e Penghus). O PLA poderia então fazer ataques anfíbios e aéreos contra a ilha principal de Taiwan para capturar e proteger praias, portos e aeródromos ao longo da costa. Uma vez que os contra-ataques de Taiwan foram destruídos, os chineses militares poderiam construir zonas de desembarque e reforçar os seus alojamentos. Unidades mecanizadas especialmente treinadas, apoiadas por ataque de helicópteros e forças de assalto aéreo, procurariam cercar e forçar a rendição de Taipei e outras grandes cidades. Se a resistência militar organizada desmoronasse e o governo da ROC caísse, Taiwan poderia ser limpa de guerrilhas e ser, segundo o relatório fala, “pacificada”.

Cenário 4 – Operação de Ataque Antiaéreo Conjunta

Essas operações ocorreriam caso as autoridades chinesas presenciassem ataques das forças norte-americanas que tentassem impedir o sucesso de suas operações contra Taiwan. Nesse cenário, a China usaria força militar para realizar operações ofensivas contra unidades dos EUA implantadas perto da costa da RPC e no Pacífico Ocidental. Os meios aéreos chineses, apoiados por unidades do exército, da marinha e da força de foguetes, seriam empregados e trabalhariam em conjunto com a polícia armada e unidades de milícias no sistema de defesa aérea civil da China. O PLA atacaria as bases militares dos EUA para interromper os planos de ataque aéreo, enquanto protegeria unidades militares chinesas críticas envolvidas em operações contra Taiwan. O objetivo estratégico primordial seria proteger o regime em Pequim enquanto assegura a rendição de Taiwan.

Cenário 5 – Operação Conjunta de Defesa da Área de Fronteira

Essas operações ocorreriam no caso em que o território chinês reivindicado fosse violado ou ocupado pelos militares indianos e/ou atacado por combatentes da liberdade tibetanos. Nesse cenário, o PLA buscaria combater os ataques eletrônicos e cibernéticos indianos, ataques aéreos e de mísseis e ataques terrestres. Espera-se que as unidades chinesas defendam posições críticas e depois contra ataquem. O objetivo geral do PCC seria destruir o plano de batalha da Índia, retomar qualquer território que tenha sido perdido no conflito e retornar ao status quo anterior ao longo da fronteira. Se o lado chinês fosse bem sucedido, as operações previstas seriam mais curtas e menos sangrentas do que aquelas dirigidas a Taiwan e, possivelmente, às forças norte-americanas.

CENÁRIOS EXTRAS

Além dos cinco cenários citados, o PLA fala da possibilidade de ocorrerem confrontos menos diretos caso o momento não fosse favorável para uma tomada total de Taiwan. Em uma situação da qual o governo de Taipei realize o que a China considera “provocações contra sua soberania”, os objetivos políticos de Pequim se limitariam a punir o governo com operações militares prolongadas, mas intermitentes, e caracterizadas por ataques de baixa intensidade, seguidos de pausas, o que permitiria possíveis negociações políticas, similar ao segundo cenário, mas o uso de ataques eletrônicos. Entretanto, caso Pequim decida que chegou a hora da tomada total da ilha, eles fariam operações de ataque bastante intensas contra a mesma.

Espera-se, segundo o PLA, que as tropas se concentrem em um curto espaço de tempo, como um prelúdio para a invasão, sem pausas além daquelas necessárias para mover, recarregar e consertar equipamentos, o ataque poderia ser completamente inesperado e sem aviso. O PLA também pensar em possibilidades onde os EUA poderiam estar presentes no conflito, e nesse cenário, atrapalhariam os planos de tomada de Taipei, portanto, analisam que seria necessário instituir uma lei marcial em Taiwan, para terem maior liberdade de atuação na ilha, ao passo que fortificariam áreas costeiras antes de potenciais desembarques americanos.

O cenário do pesadelo

Além dos cenários favoráveis, que são os cinco descritos acima, além de alguns extras que podem ou não serem combinamos, Pequim também considerou a possibilidade de ocorrer uma guerra maior envolvendo duas frentes: Estados Unidos e Taiwan no Leste e a Índia no Sul. Algumas fontes militares internas preveem o PLA lançando um ataque conjunto de poder de fogo contra Taiwan e, em seguida, realizando um bloqueio conjunto de curta duração e alta intensidade da ilha. Quando os militares de Taiwan fossem então julgados como suficientemente enfraquecidos, o PLA lançaria uma operação de ataque conjunto e faria desembarques anfíbios. Uma vez que as principais cabeças de praia fossem asseguradas, intensas operações de guerra urbana seguiriam.

Os Estados Unidos poderiam intervir e lançar ataques com mísseis de cruzeiro e ataques aéreos contra às forças chinesas no Estreito de Taiwan e ao longo da costa da China. Esses ataques norte-americanos podem forçar os chineses a realizar uma operação antiaérea conjunta. Além disso, supõe-se que os militares indianos e/ou combatentes da liberdade tibetanos possam neste momento atacar através da volátil fronteira do Himalaia, forçando os chineses a abrir duas frentes de combate.

Além dos cenários descritos, é possível que outros panoramas tenham sido realizados pelo PLA, entretanto esses seriam os principais identificados. A propaganda chinesa procura convencer parte da população que o país é pacífico e apenas orientado para defesa, mas ao analisarmos os cenários traçados pelo próprio governo, isso não parece condizer com a realidade. Ao que tudo indica, as preocupações em torno de uma invasão contra a ilha de Taiwan, se tornam cada vez mais reais.

Tambores de Guerra

Se no início do ano a invasão da Rússia na Ucrânia fez o mundo abrir o olho direito, as recentes tensões que surgiram nos últimos meses, bem como, nos últimos dias com a visita de Nancy Pelosi, parecem fazer abrir o olho esquerdo, e a pergunta que fica é: quando abriremos então o terceiro olho? Nos principais cenários de uma Terceira Guerra Mundial, o conflito no Mar do Sul é tratado como um dos mais prováveis gatilhos desse evento, e, cabe lembrar, guerras muitas vezes se iniciam por meio de conflitos de menor escala. A Primeira Guerra Mundial é um bom exemplo, com ela se iniciando após a morte do arquiduque Francisco Ferdinand, esse pequeno fato, foi o estopim de algo que viria fazer o mundo estremecer. Ligando a Primeira a Segunda Guerra Mundial, nesse período, o Mar do Sul da China é palco de diversas disputas marítimas, territoriais e aéreas, ele é uma das áreas mais importantes comercialmente falando, além de possuir altas reservas de petróleo e gás natural, o que faz a soberania do mar ser contestada.

Uma guerra em Taiwan poderia ser ampliada para uma disputa no Mar da China Meridional, já que a importância estratégica dela poderia fazer com que países, que aparentemente não tem muita ligação com a pequena ilha de Taipei, possam subitamente querer tentar pegar um pedaço da região do Mar e enfraquecer a China. Uma batalha envolvendo Taiwan poderia ser o gatilho que faltava para que a divisão dos times ficasse também mais acentuada, Estados Unidos, União Europeia, Japão, Reino Unido de um lado, China, Rússia, Irã, Venezuela, do outro, a formação se torna cada vez mais clara e o mundo vive dias de incerteza, sem saber se o no dia de amanhã lerão: A GUERRA COMEÇOU!

*Desenvolvido e escrito por Barbara Martinelli, utilizando como fontes de apoio: China’s Top Five War PlansDaily MailHoje no Mundo MilitarIndependent

Fonte: Hoje no Mundo Militar

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