A volta às aulas nas redes pública e privada de São Paulo começou de forma diferente em 2025: sem o uso de celulares durante as atividades escolares. A nova regra, implementada para reduzir distrações e melhorar o desempenho acadêmico, gerou um cenário inusitado nas salas de aula. Em vez das telas dos smartphones, alunos voltaram a interagir por meio de cartas, jogos de tabuleiro e até mesmo com o tradicional relógio de pulso para acompanhar o horário.
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A proibição do uso dos celulares em sala de aula faz parte de uma iniciativa estadual que visa resgatar a concentração dos estudantes, fortalecer as interações presenciais e diminuir a dependência da tecnologia durante o período letivo. Professores e gestores educacionais argumentam que, com menos distrações digitais, o aprendizado se torna mais eficiente e a socialização entre os alunos melhora significativamente.
Adaptação e desafios
Nas primeiras semanas, a adaptação não foi fácil para muitos alunos, especialmente para aqueles acostumados a usar o celular constantemente, seja para acessar conteúdos, interagir com amigos ou apenas como uma forma de entretenimento. No entanto, com o tempo, novas formas de passar o intervalo e interagir com os colegas começaram a surgir. Jogos de tabuleiro, que estavam praticamente esquecidos, voltaram a fazer sucesso nos corredores e pátios das escolas. Além disso, alguns estudantes começaram a escrever bilhetes e trocar cartas, uma prática que muitos jovens nunca haviam experimentado antes.
Para os professores, a mudança trouxe resultados positivos. Muitos relataram uma melhora na atenção dos alunos, além de um ambiente mais participativo nas aulas. “Antes, os celulares roubavam a atenção, mesmo quando não estavam sendo usados. Agora, conseguimos perceber um maior envolvimento nas atividades e um aumento na interação entre os estudantes”, disse um professor de uma escola estadual da capital.
O impacto nas escolas públicas e privadas
Embora a proibição tenha sido aplicada em ambas as redes de ensino, as reações foram variadas. Em algumas escolas particulares, que já possuíam regras mais rígidas quanto ao uso de celulares, a mudança foi recebida com mais naturalidade. Já na rede pública, onde o telefone muitas vezes era um dos principais meios de acesso à informação e entretenimento para os alunos, a adaptação foi mais desafiadora.
Pais e responsáveis também tiveram opiniões divergentes. Enquanto alguns apoiam a medida, acreditando que ela pode melhorar o desempenho escolar, outros argumentam que o celular é uma ferramenta importante para a comunicação entre família e aluno, especialmente em casos de emergência. Para contornar essa preocupação, algumas escolas implementaram estratégias, como o uso de telefones fixos disponíveis para contato com os responsáveis em situações necessárias.
A retirada dos celulares das salas de aula em São Paulo gerou uma transformação significativa no ambiente escolar. Entre desafios e benefícios, a medida tem demonstrado impactos positivos, especialmente no que diz respeito ao foco dos alunos e à melhoria na convivência social dentro da escola. Apesar de algumas resistências iniciais, a experiência tem levado muitos estudantes e professores a redescobrirem formas mais tradicionais – e interativas – de aprendizado e socialização. O futuro da iniciativa ainda será avaliado, mas a expectativa é que a ausência dos celulares continue moldando uma nova dinâmica dentro das instituições de ensino.