Tarifas de Trump Reacendem Esperança para Exportações Brasileiras, Mas Especialistas Alertam para Riscos

A possibilidade de Donald Trump retornar à Casa Branca com uma proposta agressiva de taxação às importações chinesas reacendeu debates sobre os reflexos globais do protecionismo. Enquanto analistas projetam oportunidades para o Brasil ocupar espaços deixados pela China em mercados como o dos EUA, especialistas advertem: o cenário exige estratégia para evitar armadilhas históricas.


Trump anunciou planos de impor tarifas de até 60% sobre produtos chineses caso vença as eleições de novembro, medida que pode reconfigurar fluxos comerciais. Para o Brasil, setores como siderurgia, agropecuária e manufaturas emergem como potenciais beneficiários. A China, hoje principal fornecedora de aço dos EUA, perderia competitividade, abrindo espaço para o Brasil, quarto maior exportador global do produto.

No agronegócio, a soja e a carne brasileira também ganhariam fôlego. Com a possível retração chinesa no mercado americano, o país pode ampliar sua participação não apenas nos EUA, mas em outros países que buscam alternativas à China. “Há uma janela para o Brasil se tornar um player global ainda mais relevante, mas é preciso cautela para não repetir erros do passado”, ressalta Lia Valls, economista do IBRE/FGV, em referência à dependência excessiva de commodities.

Outro ponto destacado é o potencial redirecionamento de investimentos chineses. Com as barreiras comerciais, Pequim pode intensificar parcerias em infraestrutura no Brasil, como já ocorre em portos e ferrovias. Contudo, o avanço depende de políticas internas claras. “O país precisa oferecer segurança jurídica para atrair capital estrangeiro além do setor primário”, avalia Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central.

Os riscos, porém, são palpáveis. Tarifas elevadas podem distorcer mercados, pressionando preços de insumos e afetando cadeias produtivas. Além disso, uma guerra comercial ampliada pode reduzir o crescimento global, impactando a demanda por produtos brasileiros. “Não adianta substituir a China nos EUA se o mundo entrar em recessão”, alerta Felippe Serigati, pesquisador do Insper.


O protecionismo norte-americano desenha um cenário de oportunidades ambíguas para o Brasil. Enquanto setores exportadores se preparam para aproveitar brechas deixadas pela China, economistas reforçam a necessidade de diversificação e valor agregado para evitar nova dependência de matérias-primas. O momento exige não apenas reagir à geopolítica alheia, mas avançar em reformas que fortaleçam a indústria nacional. Como resume Valls: “O país pode surfar nesta onda, mas só chegará à praia se touver equilíbrio”.

About Danillo Luiz

Fotógrafo, Cineasta e Repórter.

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